Após ouvir as notícias,
ela correu até a casa. Correu como nunca antes tinha corrido. Um quadro
quebrou-se em mil pedaços assim que ela atirou a porta contra a parede ao
entrar em casa, e ao subir ao quarto, lançou-se à cama, mergulhando a cabeça na
almofada, enquanto chorava profundamente. Ele entrou pouco depois e
aproximou-se dela.
- Porque choras? – perguntou, enquanto lhe afagava o
cabelo.
O seu soluçar sem fim aparente foi a única resposta.
- Foi pelo que aconteceu? – perguntou novamente.
Procurando recompor-se, ela anuiu, ainda com a cabeça
mergulhada na almofada.
- Tu ouviste os médicos. Não havia nada que pudesse ser
feito.
- Continua a não ser justo – disse, abafada pela
almofada.
- Claro que não é justo. Nada o é. Mas é inevitável. Mais
cedo ou mais tarde temos que lidar com isto.
- Não é justo! – gritou ela.
- Gritar não vai ajudar.
Levantando-se num salto, ela confrontou-o:
- Ela era tudo para mim! Tu não percebes! Nada mais
importa agora!
Tamanha força nas palavras deixou-o surpreso por
momentos, mas rapidamente lhe respondeu:
- Não precisas de sofrer sozinha. Pôr-te no centro de
tudo só complica as coisas.
Ela pensou nas palavras e tentou responder, mas o soluçar
era demasiado forte. Ele ergueu a mão,
levou-a até ao seu rosto, e limpou-lhe algumas das suas lágrimas.
- Não chores mais.
- Não… consigo – soluçou ela.
- Consegues sim, sabes porquê?
Ela abanou a cabeça.
- Porque não deves chorar porque acabou, mas sorrir
porque aconteceu.
E naquele momento, o soluçar parou e as lágrimas deixaram
de correr. Tomou o seu lugar o maior sorriso que ela alguma vez esboçou.
Sem comentários:
Enviar um comentário