domingo, 16 de dezembro de 2012

Misericórdia


Sentado à frente de uma qualquer secretária,
Rodeado por palavras de significado ausente,
Procedo a mais uma reflexão,
A mais um desperdício de tempo para a mente.

Navegando nas memórias bem cravadas,
Surge a saudade de tempos de futuro incerto.
As imagens iluminam a escuridão que banha a secretária,
Mas sei que a visita é temporária.

Insistindo, elas aparecem de dia e de noite,
Assumindo a forma dos já idos,
Ou simplesmente dos que estão longe,
E aparecem porque simplesmente se pode.

Sanidade é algo vago,
E neste caso inexistente,
Pois a dor de gosto amargo
Mostra-se sempre exigente.

De que adianta aprender a gostar
Se tal apenas leva ao piorar?
De que adianta avançar
Se persiste o recuar?

Poderia continuar a divagar,
Afogando-me num oceano de palavras,
Mas o ritmo da vida
Simplesmente não tolera dramas.

Por muito esperei
E seria de esperar algo melhor,
Mas a solidão é lei
E a loucura a sua dor.

Concluindo este pensamento abstracto,
Resta-me agradecer
À solidão e à loucura
Por lá terem sempre estado.

Ass: Daniel Teixeira de Carvalho