segunda-feira, 2 de julho de 2012

Ritmo


Ficar quieto num canto,
Num canto de conforto escuro,
E no meio de enorme pranto,
Pranto forte e duro,
É uma perda de tempo e de talento
Quando lá fora na doirada luz
Existe mais que um solitário assento,
Existe uma vida que nos seduz.

Por isso venho à rua,
Sem pressa ou cheio dela,
Por sair ou para matar a amargura
Que se instalára por prazer dela,
E que se mata com prazer,
Com o prazer de viver,
Com o orgulho a estender
E para ela não se desfazer.

Pára-se por momentos,
Para pensar, ou por apenas parar.
Pensar no que foi dito há tempos,
Ou no porquê do caminhar.

Mas depressa se esquece
O porquê de tudo,
Ou pelo menos parece
A este pensamento não mudo.
Não é mudo, não senhor.
Se o fosse não existiria
Esta poesia feita com ardor
E com alguma primazia.

Da prosa à poesia,
Passando pela música
Pelo piano ou pela guitarra pensativa,
Perde-se o Norte mas não a astúcia
Deste artista que sou o que alguma vez serei,
Visto que pensando no que já escrevi
E no que escreverei,
A vida passou por mim, e nem sequer a vi.

À pressa retomo tudo,
E já nem sei mais o que dizer.
Para ver ainda falta o mundo
Neste passeio do meu viver,
E sempre a mudar o ritmo
Da vida a que vim,
Seria de esperar que perdesse o tino
Neste percurso incerto assim,
Mas posso garantir que isto jamais será o derradeiro fim.











Ass: Daniel Teixeira de Carvalho