Ficar
quieto num canto,
Num
canto de conforto escuro,
E
no meio de enorme pranto,
Pranto
forte e duro,
É
uma perda de tempo e de talento
Quando
lá fora na doirada luz
Existe
mais que um solitário assento,
Existe
uma vida que nos seduz.
Por
isso venho à rua,
Sem
pressa ou cheio dela,
Por
sair ou para matar a amargura
Que
se instalára por prazer dela,
E
que se mata com prazer,
Com
o prazer de viver,
Com
o orgulho a estender
E
para ela não se desfazer.
Pára-se
por momentos,
Para
pensar, ou por apenas parar.
Pensar
no que foi dito há tempos,
Ou
no porquê do caminhar.
Mas
depressa se esquece
O
porquê de tudo,
Ou
pelo menos parece
A
este pensamento não mudo.
Não
é mudo, não senhor.
Se
o fosse não existiria
Esta
poesia feita com ardor
E
com alguma primazia.
Da
prosa à poesia,
Passando
pela música
Pelo
piano ou pela guitarra pensativa,
Perde-se
o Norte mas não a astúcia
Deste
artista que sou o que alguma vez serei,
Visto
que pensando no que já escrevi
E
no que escreverei,
A
vida passou por mim, e nem sequer a vi.
À
pressa retomo tudo,
E
já nem sei mais o que dizer.
Para
ver ainda falta o mundo
Neste
passeio do meu viver,
E
sempre a mudar o ritmo
Da
vida a que vim,
Seria
de esperar que perdesse o tino
Neste
percurso incerto assim,
Mas
posso garantir que isto jamais será o derradeiro fim.
Ass:
Daniel Teixeira de Carvalho