Incontáveis
nos tempos, aqueles que sucumbiram
Às
diabólicas vozes que se sentiram
E
nas suas cabeças zuniram
Até
que a sua sanidade partiram.
É
tão fácil cair nisto!
Os
comuns mortais dizem que não
Mas
errados é o que eles estão,
Sendo
suficiente apenas um pequeno empurrão.
Assistir
à morte de alguém,
Abusar
da companhia da solidão,
Ter
despedaçado o coração,
Ou
até mesmo porque assim quis a concepção.
Durante
anos lutei,
De
forma a não sucumbir como outros,
Mas
quis a vida ter outros planos
E
virar contra mim os meus curandeiros esforços.
Eles
acompanham-me,
Quer
queira, quer não,
As
personagens a que dou vida
E
as mesmas a quem a retiro com prontidão.
Que
estranha amizade é esta,
Em
que depressa os conselhos que se trocam
Passam
a actos que matam
De
forma dantesca e macabra?
Mas
nenhum passa impune
E
esta via é uma faca de duplo gume
Principalmente
quando a criação
É
mais louca que aquele que lhe estende a mão.
O
corvo apareceu também à minha janela,
Mas
desta vez não veio só.
Trouxe
uma figura negra e nada bela,
Sem
rosto e sem dó.
Perante
a festa do corvo,
Eu
me ergo e os enfrento,
Arrastado
pelo forte vento
Enquanto
escurece o já céu cinzento.
Mais
animado fica o corvo quando chove
E
ele dá o primeiro passo
Enquanto
eu nada faço
Senão
olhar o capuz que o cobre.
Naquelas
lentes vejo a morte
E
no corvo a oiço.
Chegou
a altura de testar a minha sorte
E
ver o que valho contra a majestosa foice.
Pela
minha sanidade luto
Assim
foi, assim é e assim será.
Eles
avançam num confiante surto
Mas
a minha vida é algo que facilmente não se tomará.
Ass:
Daniel Teixeira de Carvalho