quinta-feira, 18 de julho de 2013

Loucura

Incontáveis nos tempos, aqueles que sucumbiram
Às diabólicas vozes que se sentiram
E nas suas cabeças zuniram
Até que a sua sanidade partiram.

É tão fácil cair nisto!
Os comuns mortais dizem que não
Mas errados é o que eles estão,
Sendo suficiente apenas um pequeno empurrão.

Assistir à morte de alguém,
Abusar da companhia da solidão,
Ter despedaçado o coração,
Ou até mesmo porque assim quis a concepção.

Durante anos lutei,
De forma a não sucumbir como outros,
Mas quis a vida ter outros planos
E virar contra mim os meus curandeiros esforços.

Eles acompanham-me,
Quer queira, quer não,
As personagens a que dou vida
E as mesmas a quem a retiro com prontidão.

Que estranha amizade é esta,
Em que depressa os conselhos que se trocam
Passam a actos que matam
De forma dantesca e macabra?

Mas nenhum passa impune
E esta via é uma faca de duplo gume
Principalmente quando a criação
É mais louca que aquele que lhe estende a mão.

O corvo apareceu também à minha janela,
Mas desta vez não veio só.
Trouxe uma figura negra e nada bela,
Sem rosto e sem dó.

Perante a festa do corvo,
Eu me ergo e os enfrento,
Arrastado pelo forte vento
Enquanto escurece o já céu cinzento.

Mais animado fica o corvo quando chove
E ele dá o primeiro passo
Enquanto eu nada faço
Senão olhar o capuz que o cobre.

Naquelas lentes vejo a morte
E no corvo a oiço.
Chegou a altura de testar a minha sorte
E ver o que valho contra a majestosa foice.

Pela minha sanidade luto
Assim foi, assim é e assim será.
Eles avançam num confiante surto
Mas a minha vida é algo que facilmente não se tomará.


























Ass: Daniel Teixeira de Carvalho