quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Entre mundos


Desde os nossos primórdios
Tem existido um confronto
Entre dois mundos mais que históricos,
Sendo um deles mais que hediondo.

Para além do mundo infernal
E do seu oposto,
Existe o mundo pessoal,
Mundo esse que talvez mereça um melhor gosto.

Contudo, tal mundo não se encontra só,
Ele próprio fragmenta-se
Sem piedade nem dó,
Porque quem nele vive afugentar deixa-se.

Todos acabam por entrar no virtual,
E todos pretendem deixar a sua marca,
Seja ela natural
Ou proveniente de uma alterada arca.

Dou por mim rodeado por imensas colinas digitais.
Vejo imagens e oiço-as também,
E sigo pelos vales
Desta nova terra de ninguém.

Avanço à procura,
Visto nada mais me importar,
E quando a encontro na noite escura
Recosto-me para observar.

A minha ajuda está sempre disponível
Para aqueles que a pedem,
E mesmo que pareça invisível,
Certifico-me que eles se contentem.

Não sei durante quanto tempo é que observo.
Sei apenas que o sítio onde me sento
Se encontra num mortiço virtual nervo
E que parece esquecido pelo tempo.

Por vezes tudo o que temos desaparece,
E a surpresa deixa-nos estáticos.
A vida enegrece,
E a falta de ar deixa-nos mais que asmáticos.

Levanto-me no preciso momento
Em que o meu assento
Aceita o seu tormento
E morre por ter acabado o seu tempo.

Ao contemplar o pó,
Volto o olhar para onde olhava,
Para ver um só
Nada que me atormentava.

Olho à minha volta.
Mais colinas se transformam em pó,
E desapareço antes que esta queda esbelta
Me deixe mais que só.

A este mundo voltarei,
Tal como os outros que acabarei por vir a conhecer.
Contudo, só de viver acabarei
Quando mais nada houver a fazer.

Caminho entre mundos,
E como outros, deixo a minha pisada
Para que nesses escombros
Ela seja lembrada e acarinhada.














Ass: Daniel Teixeira de Carvalho