quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Purificação

         O que fazes quando tens algo assustador no teu núcleo? Algo com mente e vontade próprias. Com os seus próprios objectivos e ambições. Solta-lo para que todo o mundo e consequentemente tu venham a lidar com as consequências de tal acto, ou optas por fazer tudo o que estiver ao teu alcance para apaziguar a criatura que faz de ti o seu lar? Independentemente das opções, acabarás sempre por sair prejudicado.

            Na primeira, e atendendo à natureza do que realmente tens a querer ver e sentir o calor da luz do dia, tens toda uma série de punições que te serão impostas ou pelo meio onde vives ou por ti mesmo (tens o que é preciso para lidar com o que provocaste assim que a tua consciência regressar?). Na segunda, vais ter que arranjar algo para que nada saia, e o processo de descoberta pode ser deveras longo, com a certeza de uma contrapartida: vai ser sempre preciso mais e mais.

            Como é que se lida com um parasita? Algo que se alimenta de nós. Algo que precisa de nós para viver. Algo que não só reside em nós como faz parte nós. Só por causa disso, o extermínio fica fora de questão, a não ser que tomar a própria vida seja uma opção aceitável… e todos podemos imaginar o que aconteceu ao ponto de permitir tamanha consideração.

            Todos temos os nossos próprios demónios. São da nossa exclusiva responsabilidade, e nesse sentido cada um deve determinar qual a melhor maneira de lidar com os seus.

            Haverá sempre aqueles que quererão ver o mundo em ruínas, mas valerá a pena o custo?