quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Nas trevas do meu subconsciente, dou por mim a contemplar uma ténue luz ao fim de um infinito túnel. Minutos passam e a distância é a mesma. As leis da física não funcionam da mesma maneira nesta dimensão. Tudo tem vida própria, tudo tem uma física própria, tudo vive, tudo morre; tudo ressuscita e tudo mata. A frieza do ar inexistente deixa claro desde o começo do que quer que isto seja que as hostilidades não tardam. Vagueio em vão em direcção à débil luz que, de alguma forma, parece degustar a minha aparente confusão.

Uma dor aguda percorre o meu corpo, algo nas minhas costas, no ombro esquerdo (afinal era isto que apreciava). Grito, mas não sai nenhum som, tento controlar a dor, mas ela rapidamente se expande (estacas?). Viro-me para nada ver, apenas um vulto com algo nas mãos. Agora o estômago. Primeiro sinto a pele a ser dilacerada, depois a carne e então o estômago é perfurado. Graças àquela luz é possível ver o brilho escarlate naquela escuridão; uma vez mais, alguém está a apreciar. De joelhos, coberto naquilo que mantinha vivo, uma outra atravessa-me o peito (respirar torna-se difícil), sou pontapeado, o chão recebe-me, a mim e ao que é meu. Braços, pernas, sinto cada milímetro e cada segundo. Nada vejo nem nada reconheço. Sinto-me a desaparecer. A luz ganha a vida que eu perco e as trevas iluminam-se.


Acordo, agora plenamente consciente (será?). Só um sonho, só um pesadelo, só mais uma noite… amanhã repetimos.