sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A__R

Neste hábito vivemos
De eleger datas
Para demonstrar sentimentos
Que não precisam de alturas exactas
Para ser demonstrados
Mas sim bradados
Todos os dias de todo o ano
Pelos nossos quatro cantos.

Para quê arruinar este romântico sentimento
Dedicando-lhe um certo tempo,
Tempo esse que não é aproveitado
Pois quem o devia fazer
Apenas se lembra dele no dia ditado
Deixando a outra pessoa num quase esquecimento
Não num único instante
Mas sim num interminável momento.

Não é só o tempo que destrói o sentimento
Mas a forma como o mesmo é tratado.
Morto está quase o romance
O pilar chave desta bela face
Esquecido pela maior das vontades
Por um mundo de míseros rebeldes
Que apenas ligam ao prazer da carne
E cuja morte seria um prazer dar-me

Nós, romântico povo
E de igualmente romântica língua,
Lidamos agora com algo novo
Apodrecido em toda a linha,
E sem qualquer digno valor solto
E que na ignorância fica
Não exibindo nada que impeça
A sua animalesca natureza

As minhas palavras de nada servem
E o que faço já não é visto como era.
De nada servem e os sonhos que esperem
Pois a solidão impera
Tal como o seu depressivo irmão
Que corrói a alma
E o corpo são
Deixando apenas um monte de nada.

Esperançoso me farei acompanhar de poesia
E também de histórias românticas
Esperando pelo dia
Que se volte a respeitar estas semânticas
Pois são elas que fazem deste sentimento
Muito mais que um simples momento
Fazendo-o estender-se pela eternidade
Por palavras e por cordas me expresso
Dizendo com pouco sentido
Tudo aquilo em que penso
E com pouco sentido porque não costuma ser ouvido
Por ser uma raça em vias de extinção
Algo mais que uma simples face na multidão

Mas nada interessa
Se é que alguma vez interessou.
Não interessa o quanto eu peça
O meu mundo nunca mudou.
Palavras desperdiçadas
Apenas pelas paredes apreciadas,
A fazer dos peixes lembrar
Mas o sentido não deixa de acertar.

Dou por mim assim
Debaixo do som da minha melodia
E das palavras tecladas por mim.
Cabe-lhes a elas sentir o que eu sentia
E que vi chegar ao fim.
Essa é a tarefa que lhes dei
Porque esses dons em mim morreram.
Não temo enquanto as trevas consomem a vida que optei
Porque os demónios nunca choram.











Ass: Daniel Teixeira de Carvalho