O
que é isso de liberdade?
O
que é ao certo?
Todos
procuram a sua igualdade
E
tê-la sempre por perto.
Mas
será ela realmente possível?
Será
possível ir para além da física,
Ir
para além do incrível,
E
ignorar a nossa própria química?
Foi
possível descobrir mundos.
Mas
a Terra ficou pequena.
Procuraram-se
então outros mais ou menos moribundos,
Mas
ainda hoje não se mudou de cena.
Com
o tempo será possível viver neles,
Mas
não será possível fugir de nós.
A
vida de um pode ser reles,
E
mesmo uma boa imaginação vai deixá-lo a sós.
Pode-se
sonhar com mundos que não existem,
Falar
com pessoas imaginárias,
E
quiçá, crianças com elas se criem,
Mas
jamais mudarão as realidades solitárias.
A
imaginação desaparece,
E
a solidão retorna,
Tal
como uma prece
Indesejada
que todos transtorna.
Aquilo
que o cansaço faz a uma pessoa.
Tudo
parece mais nítido,
E
igualmente dito à toa,
Podendo
ao mesmo tempo ter ou não sentido.
Mas
cada um tem a sua cela,
Nuns
o ego, a ganância, ou a aparência,
E
noutros os outros, ou uma demência maior que ela,
Mas
todos se enjaulam com uma certa frequência.
Talvez
seja o escritor quem mais o faça.
Desabafar
com as folhas
Porque
não arranja quem faça
Esquecer
as más escolhas.
É
estranho e ao mesmo tempo singular
Pensar
nas nossas personagens como mais humanas
Que
os humanos com que temos que partilhar
As
nossas memórias quotidianas.
Pode
achar-se o método do escritor
Algo
estúpido ou até mesmo inútil.
Mas
ele escreve sem pudor,
E,
sempre que pode, a insultar a vida fútil.
Talvez
seja este o método certo,
Enjaular-se
com palavras que nos compreendem,
Em
vez dos que temos por perto,
E
que pela diversão mentem.
Já
se sabe qual é a jaula do escritor,
Um
escravo da sua personagem pura,
Mas
quanto ao leitor,
Qual
é a sua?
Ass:
Daniel Teixeira de Carvalho