sexta-feira, 29 de julho de 2011

Pátria minha

Muito me custa ver
O que este país se tornou.
Após inúmeros obstáculos vencer,
À ruína desmoronou.

Vários tomaram as suas rédeas,
E a prosperidade foi sempre algo promissor.
Só foi pena a maioria não passar de promessas,
E quase sempre nos deparámos com um carrasco destruidor.

Entristece qualquer um que ame a sua pátria,
Vê-la a ser maltratada pela cobiça e pela avareza
Enquanto o amante é forçado a pagar essa acção ordinária,
E é errado pensar que é impossível o fim dessa tristeza.

O crer que o Governo gere o país é uma ilusão.
O sucesso nunca foi alcançado pelo cargo de cima.
Foi o esforço do povo que criou a nação,
E será esse esforço que irá amainar o clima.

Para os cépticos, eis os factos:
Não foram reis que se aventuraram nos descobrimentos,
E não houve governantes nos campos de batalha fartos,
Mas sim o seu povo, sem quaisquer arrependimentos.

Embora hoje pareça,
Os arrependimentos não o são,
Porque sem o passo do povo e a sua crença,
O país não tinha saído do chão.

No meio de uma crise que nem sempre o parece ser,
Há sempre quem saia a ganhar,
Iludindo que não há nada a fazer,
Quando na verdade a solução não tem que falhar.

Não pretendo mudar mentalidades,
Mas sim ilustrar a realidade,
E ensinar a questionar todas as eventualidades,
Porque é na questão e na reflexão que se chega à verdade.

A esperança tem que estar sempre presente.
Manter sempre o pensamento positivo
Para que se leva a nossa avante,
E impedir um final negativo.

Fernando Pessoa falou em D. Sebastião.
Talvez virá, talvez não,
Mas enquanto a sua presença não alimenta o nosso coração,
Será o povo a salvar a nação!





































































Ass: Daniel Teixeira de Carvalho

sábado, 23 de julho de 2011

Politicamente Incorrecto

           Um ano lectivo passou, e como todos os outros, acabou com uma série de exames. Para os alunos mais bem preparados e confiantes, tais provas não representavam qualquer ameaça, embora sejam fundamentais para o curso, Universidade e profissão a seguir. O resultado final é que foi um choque. Alguns dos melhores alunos da turma chegaram a tirar resultados negativos, e a esmagadora maioria dos que se mantiveram acima da positiva, não conseguiram impedir a descida de no mínimo um valor àquela disciplina. A reacção dos meios de comunicação social foi inevitável perante aquele que foi o pior resultado nos últimos catorze anos. Professores e ministros surgiram a dizer que os alunos se deviam empenhar mais, e houve mesmo quem dissesse que os alunos devem deixar de negligenciar a língua portuguesa. Daqui surge uma pergunta curiosa: se os alunos negligenciam a língua portuguesa, o que é que se pode dizer dos ministros que defendem a aprovação do novo acordo ortográfico? Que não se esqueça que o novo acordo ortográfico acaba por formatar de raiz aquela que ficou conhecida como a língua de Camões.

            Ao olhar com uma maior atenção para estes ditos exames, acabamos por nos aperceber que grande parte da culpa não é dos alunos, mas sim dos critérios de avaliação. O maior dos erros notou-se no exame de Português, logo na primeira questão, em que grande parte dos examinandos apresentou sentimentos em vez de sensações, sendo galardoados, nessa questão, com um redondo zero. Contudo, das diversas definições de sensação presentes no dicionário, uma delas é a seguinte: facto psicológico provocado pela excitação de um órgão sensorial, e como é comummente sabido, os sentimentos são algo psicológico, e não físico. Continuando no exame de Português, um dos erros crassos foi atribuírem uma classificação objectiva a algo inteiramente subjectivo, que é a lírica. Apenas o poeta sabe o verdadeiro significado do poema que escreveu, e o porquê de o ter escrito, tudo o resto são especulações. Pode ter-se notado, e isto em todos os exames, uma ou outra má cotação da estrutura da resposta, mas aí é perfeitamente compreensível porque nem todos os professores que ficam encarregues de corrigir exames são pagos, e é normal que certos elementos escapem. Mas isso não justifica a má construção dos critérios de avaliação. Não é por terem o cargo que permita moldar a língua e a cultura portuguesa que têm o direito de o fazer. A língua portuguesa é de todos nós, e grande parte dos segredos da sua cultura foi enterrada com os artistas que ajudaram a construí-la.









Ass: Daniel Teixeira de Carvalho          

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Poema sem sentido

É dito para viver cada dia como se fosse o último,
Mas quando se pergunta o porquê,
Nada em concreto é dito pelo púlpito
Devido à subjectividade que sempre se vê.

Viver o dia por ser dia?
Mas uma vida é demasiado grande para um só dia,
E um dia que é dia,
Não é dia para a vida, apenas parte dela.

Partes de um todo que sem todo não tinha partes,
Porque só partindo o todo é que se tem as partes,
E são essas partes que fazem as artes
E também os desastres.

Artes e desastres do dia que é pedido para ser vivido,
E que acaba por o ser sem grande vontade,
E por ficar dividido
Entre arte ou desastre, com ou sem bondade.

Mas o dia tem partes que o fazem dia:
Dia e noite,
E qual é que deve ser realmente vivido?
Ao abusar de um, passa a ser o outro.

Viver o dia como se fosse noite
Faria do dia noite e da noite dia,
E viver a noite como se fosse dia
Faria da noite dia e do dia noite.

Tantas trocas sem sentido que acabam por o ter,
Aliás, sempre lá esteve,
Só é preciso atenção para o ver
Porque nem sempre é o que parece ser.

Tanta a confusão entre dia e noite,
Que juntos fazem o dia propriamente dito,
E que deve ser vivido,
Porque se não o fosse, não valeria a pena viver.

Vida e morte são como o dia e a noite do dia,
Ao abusar de um, passa a ser o outro,
Porque apesar de diferentes,
São os dois formas de vida.

E afinal de contas,
Vive-se para morrer,
Ou viver o dia para descansar na noite,
Ou ao contrário.

No meio de um tema em que a certeza é incerta,
Acabei por me perder.
Talvez seja melhor ver se a incerteza é certa,
Mas para já, tenho partes de um dia para viver.





Ass: Daniel Teixeira de Carvalho