Durante muitos anos vivi
a vida de um número infindável de personagens, explorei um igual número de
mundos e em todos eles deixei a marca que melhor me pareceu deixar. Alguns
desses mundos mais não eram que criações da minha própria imaginação, e todas construções
têm o mesmo elemento comum, um escape da realidade.
Se a realidade fosse aquilo que nós esperaríamos que ela
fosse, não havia necessidade de procurar estes refúgios. Há quem mude de país,
há quem mude de mundo à procura de uma igualmente melhor realidade. Mas
precisamos, para o melhor e para o pior, de aceitar esta que é a máxima
realidade, a que governa o nosso quotidiano e as nossas vidas igualmente reais.
Não podemos deixar que a nossa imaginação interferia com o nosso papel (seja
ele qual for) numa realidade corrompida que assim é porque alguém o quer e
porque se mostra o método mais rentável a vários níveis, pois tal não é
conveniente.
A nossa realidade não é mais que isto, uma horrenda e
grotesca verdade inconveniente mascarada de algo que nunca será e à qual
estamos algemados, carregando as nossas esperanças de que algo melhor surgirá,
os nossos próprios mundos.
Quando estás no Inferno, só o Diabo te pode salvar.