terça-feira, 6 de setembro de 2016

               Durante muitos anos vivi a vida de um número infindável de personagens, explorei um igual número de mundos e em todos eles deixei a marca que melhor me pareceu deixar. Alguns desses mundos mais não eram que criações da minha própria imaginação, e todas construções têm o mesmo elemento comum, um escape da realidade.
            Se a realidade fosse aquilo que nós esperaríamos que ela fosse, não havia necessidade de procurar estes refúgios. Há quem mude de país, há quem mude de mundo à procura de uma igualmente melhor realidade. Mas precisamos, para o melhor e para o pior, de aceitar esta que é a máxima realidade, a que governa o nosso quotidiano e as nossas vidas igualmente reais. Não podemos deixar que a nossa imaginação interferia com o nosso papel (seja ele qual for) numa realidade corrompida que assim é porque alguém o quer e porque se mostra o método mais rentável a vários níveis, pois tal não é conveniente.
            A nossa realidade não é mais que isto, uma horrenda e grotesca verdade inconveniente mascarada de algo que nunca será e à qual estamos algemados, carregando as nossas esperanças de que algo melhor surgirá, os nossos próprios mundos.

            Quando estás no Inferno, só o Diabo te pode salvar.