segunda-feira, 25 de abril de 2011

Abril

O episódio que mais marcou este país.
A saída colectiva dos perseguidos inocentes
Sem culpa da podre raiz
Que os fazia ser dela crentes.

Algo imprevisto,
E que não deixou escapatória
Ao governo que era visto
E que se viu obrigado a abdicar da sua oratória.

Povo e militares uniram-se
Ao som de uma famosa melodia.
Os culpados aboliram-se
E isso é que foi acabar com a melancolia.

Nunca se esqueceu a música do grande Afonso,
Cuja importância foi irrefutável.
O terreno voltou a ser um instável troço,
E a necessidade desta melodia é também incontestável.

Muito tem para dar este país ancestral,
E é preciso acabar com este mal vil
Para cumprir o objectivo astral,
E para isso, venha mais Abril!

































Ass: Daniel Teixeira de Carvalho

domingo, 24 de abril de 2011

Anoitecer

O dia passa,
Substituindo a luz pela escuridão,
E o barulho pela sua oposta raça,
Que sinistramente se espalha nesta imensidão.

Contemplo o espaço de acção.
Para além das luzes e do fraco movimento das ruas,
É o clima que tem a minha maior atenção,
Mesmo saindo indiferente às temperaturas.

Pego na minha habitual farda,
E saio à rua para espairecer.
Sigo uma curta ou longa caminhada,
Mas nunca com o intuito de esquecer.

O som dos meus passos
É silenciado pelos sons nocturnos,
Que para além de por vezes serem escassos,
Nunca são inoportunos.

Decorre sempre uma longa reflexão.
Vasculho imagens e justificações
Com a minha própria intenção,
E para analisar as possíveis direcções.

É normal não se chegar a conclusão nenhuma,
E contemplo mais uma vez o meio
Para me acalmar na crescente bruma,
Enquanto observo outros no seu alegre enleio.

Por vezes trocam-se cumprimentos e boas conversas,
Mas há sempre momentos regidos por pressas,
Que surgem como estranhas peças,
E para a escuridão retornam estas peripécias.

Não procuro na escuridão paz, conforto, ou compreensão.
Misturo-me nela porque simplesmente acontece.
Por vezes há algo que aconteça sem razão,
E este tipo de acontecimentos é o que se tece.

No fim da jornada,
E após tudo ter visto,
E após quase tudo pensado para uma possível demanda,
Verifico que existo.

Pergunto-me se valeu a pena,
E ao olhar estático para o luar,
Vejo que está justificada esta cena,
E que devo continuar a caminhar.

Pode nem tudo ter corrido como se pensava.
Quem sabe se a vida dá mais voltas,
Permitindo seguir o que se continuava
Com intenções nada soltas.

Sigo na mesma em frente sem saber o que me aguarda.
Não vale a pena temer o desconhecido,
Porque nele não se tem nenhuma guarda,
E se de se tal não se aperceber, dá-se por apodrecido.

Duvido que seja possível estar pronto para tudo.
Sei que está presente uma grande aliança.
Não pretendo agir mudo,
Porque sei que ainda neste mundo há esperança.







































Ass: Daniel Teixeira de Carvalho

Ódio, Escárnio e Mal Dizer

Esta existência já pouco tem de belo.
A paisagem é cada vez mais bélica.
A paz foi quebrada por um elo,
Cuja força é superior à própria angélica.

Poucos são os olhares que desejam bem.
Cada vez se vê mais ódio, escárnio e mal dizer.
Vivem todos num absoluto desdém,
E dizem que é errado o que este autor está a fazer.

Não compreendem que para superar este mal
É necessário uma plena cooperação,
Quer dos que estão no mais alto pedestal,
Quer naqueles que vivem fazendo das tripas coração.

Há que quebrar os cordéis
E dar liberdade aos fantoches,
Porque não se pode viver nestes trajes cruéis
Que antecedem os quatro apocalípticos coches.

Por mais que tal nos seja imposto,
O equilíbrio ainda é atingível.
Não será alcançado com um aproveitado esforço,
Mas sim com uma combinação invencível.

Para as cinzas se caminhou,
Mas das cinzas se germina,
Fazendo lembrar aquela ave que nunca parou
De transmitir uma esperança divina.

Nunca nenhum caminho é fácil de percorrer,
Mas é a sua complexidade que nos faz crescer.
Contra todos os conflitos se deve combater,
E é assim que acaba a presença de ódio, escárnio e mal dizer.













Ass: Daniel Teixeira de Carvalho

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Tempo



Tudo que tem um princípio,
Também tem um fim.
Não adianta seguir o que diz o início,
Pois nada se aparenta com o que lhe é afim.

Chega a ser entediante este tic-tac constante
Que nos trata como fantoches,
Preenchendo-nos com um variado horário estonteante,
Enquanto nós puxamos os seus coches.

Valerá a pena haver preocupação?
Parece que todos gostam da vida que têm,
Mesmo sabendo que estão a usar o seu coração,
E iludindo o que vêem.

Não há efeito surpresa.
Está tudo programado por umas entidades ditas iluminadas
Que cumprem os seus planos sem pressa,
Destruindo as nossas vidas animadas.

É possível escapar a isto?
Tem que se estar atento.
Treinar para ver o deve realmente ser visto
E realizar isto com grande alento.

É certo que por vezes é preciso mais.
A violência está sempre de mão dada
Com aqueles que querem mais que os demais.
O que interessa é que esta falsa liberdade seja quebrada.

Que se junte a sabedoria e a força!
Juntos são imparáveis.
Que estes globais culpados sejam apanhados e nele se torça
O poder daqueles que outrora eram os seus entreténs prestáveis!













Ass: Daniel Teixeira de Carvalho

domingo, 3 de abril de 2011

Virtude

Quem espera sempre alcança.
Aguarda e tudo vem ao teu encontro.
Depois da tempestade vem a bonança.
Nunca te isoles num solitário escombro.

            Tais palavras não são estranhas a ninguém. Já é normal tais pensamentos surgirem. Devo correr riscos? Fazer o que acho ser o mais correcto? Viver a vida, ou deixá-la passar?

            Está errado quem diz que não adianta fazer grandes esforços. Vale sempre a pena, mesmo que só surjam desilusões e frustrações. Elas não passam de testes para nós próprios vermos até onde estamos dispostos a ir.

Não adianta negar!
Todo o esforço é recompensado,
Principalmente quando contra o mar se está a remar
E tudo parece não ter qualquer significado.

            Já dizia o grande Fernando Pessoa: Tudo vale a pena se a alma não é pequena, e realmente assim é, porque o mundo é dos persistentes, daqueles que mesmo sabendo que estão em inferioridade e é pouca a probabilidade de terem sucesso, olham para isto e dizem:

            - É preciso mais que isto para me pararem.

Sejam louvados estes heróis
Por defenderem sempre o que é certo.
São eles os nossos sóis.
São eles que corrigem este mundo incerto.

            A verdadeira vida é vivida numa luta constante, não num recanto a pensar em futilidades! É para isso que surgem os vícios, para nos prenderem a irrealidades de forma a cortar-nos a nossa forma de pensar e de agir. Por outras palavras, para permanecermos sob o maior dos controlos, e incapazes de ver o que realmente está a acontecer.

            Perante isto, há que colocar um travão a tudo! Há que tomar decisões livres de qualquer “incentivo”, porque só assim é que se consegue alcançar o que ultimamente se tem vindo a procurar: um mundo de plena igualdade, quer seja ela étnica, social, moral e/ou religiosa.

            Tomemos o nosso lugar junto dos governantes e mostremos-lhes o que é viver como nós! Eles dizem que sabem como vive o povo, mas pela forma como actuam, parece um total oposto.

A nossa hora chegou!

Nada mais interessa.
Que se mantenha sempre esta atitude.
Assim se começa,
E nunca se esqueça: a paciência é uma virtude.

































Ass: Daniel Teixeira de Carvalho