O dia passa,
Substituindo a luz pela escuridão,E o barulho pela sua oposta raça,
Que sinistramente se espalha nesta imensidão.
Contemplo o espaço de acção.
Para além das luzes e do fraco movimento das ruas,É o clima que tem a minha maior atenção,
Mesmo saindo indiferente às temperaturas.
Pego na minha habitual farda,
E saio à rua para espairecer.
Sigo uma curta ou longa caminhada,
Mas nunca com o intuito de esquecer.
O som dos meus passos
É silenciado pelos sons nocturnos,
Que para além de por vezes serem escassos,
Nunca são inoportunos.
Decorre sempre uma longa reflexão.
Vasculho imagens e justificaçõesCom a minha própria intenção,
E para analisar as possíveis direcções.
É normal não se chegar a conclusão nenhuma,
E contemplo mais uma vez o meioPara me acalmar na crescente bruma,
Enquanto observo outros no seu alegre enleio.
Por vezes trocam-se cumprimentos e boas conversas,
Mas há sempre momentos regidos por pressas,Que surgem como estranhas peças,
E para a escuridão retornam estas peripécias.
Não procuro na escuridão paz, conforto, ou compreensão.
Misturo-me nela porque simplesmente acontece.Por vezes há algo que aconteça sem razão,
E este tipo de acontecimentos é o que se tece.
No fim da jornada,
E após tudo ter visto,E após quase tudo pensado para uma possível demanda,
Verifico que existo.
Pergunto-me se valeu a pena,
E ao olhar estático para o luar,Vejo que está justificada esta cena,
E que devo continuar a caminhar.
Pode nem tudo ter corrido como se pensava.
Quem sabe se a vida dá mais voltas,Permitindo seguir o que se continuava
Com intenções nada soltas.
Sigo na mesma em frente sem saber o que me aguarda.
Não vale a pena temer o desconhecido,Porque nele não se tem nenhuma guarda,
E se de se tal não se aperceber, dá-se por apodrecido.
Duvido que seja possível estar pronto para tudo.
Sei que está presente uma grande aliança.Não pretendo agir mudo,
Porque sei que ainda neste mundo há esperança.
Ass: Daniel Teixeira de Carvalho
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