domingo, 15 de setembro de 2013

Após a depressão sobre ti desabar,
Movida por uma relação desde sempre sem emenda,
Não consigo evitar em te perguntar:
Valeu realmente a pena?






Ass: Daniel Teixeira de Carvalho

terça-feira, 3 de setembro de 2013

                  Deixem-me contar-vos a história, a história de um homem já nos seus oitenta anos, para ser mais preciso. Ele vivia numa pequena e simpática casa construída pelas suas próprias mãos, e essa casa estava no centro de uma pequena e igualmente simpática cidade.
            Todos os dias o homem sentava-se na cadeira de baloiço que tinha no seu alpendre e cumprimentava sempre de sorriso no rosto quem por ali passava. Estes retribuíam o cumprimento, mas apenas por fazer parte da boa educação. Se perguntassem a qualquer um deles quem aquele homem era, diriam que era o velhote por quem passavam todas as manhãs a caminho do trabalho, ou aquele velhote que vivia ao lado deles.
            Mas houve uma altura em que o velhote já não esperava nem cumprimentava ninguém. Houve quem estranhasse, mas foi algo que lhes desapareceu rapidamente da cabeça tal como um dente-de-leão que é assolado por uma suave brisa. O velhote estava bastante doente. Estava na cama do seu quarto, sozinho, pois não tinha família. Os pais tinham morrido há muito, o seu único irmão, pensava-se, tinha morrido numa guerra qualquer, e quanto a esposa, nunca teve grandes namoros que o levassem a considerar essa hipótese, e como tal, os filhos eram inexistentes. Tinha apenas as pessoas que passavam pela sua casa, se é que se pode dizer que isso é ter alguém.
            Ao olhar pelo radiante Sol que entrava pela sua janela, soltou um triste suspiro acompanhado por uma delicada lágrima, pois a companhia da solidão era algo que não conseguiu evitar. Assim que estas palavras se formaram na sua cabeça, a porta do seu quarto abriu-se. Ele olhou para ela, um tanto ou quanto surpreso, e quando pensou, numa tentativa de se acalmar, que tinha sido o vento, ela entrou no quarto, coberta de luto e apoiando-se na sua foice para andar. Avançou, e sentou-se ao lado dele, olhando-o. Ele olhou-a de volta. Ela estendeu-lhe a mão esquelética, e ele tomou-a.
            Por vezes, aqueles que merecem mais atenção são os que não têm o luxo de a ter.








Ass: Daniel Teixeira de Carvalho