terça-feira, 14 de junho de 2011

Metamorfose

Ao fim do dia sento-me e penso.
Penso no dia que passou,
No antes desse e no que vem, penso,
E a deslumbrar tudo estou.

Felizmente que se pensa,
Mas também o é infelizmente,
Porque por vezes cansa,
Mas também apazigua a mente.

Contudo, não se pensa somente.
Convive-se com tudo e todos
Num tipo de lazer dito normal e contente,
E reservado aos banais modos.

A infância nasce outra vez desses modos.
Tempos de puro bem-estar,
E sempre condicionado aos familiares estados,
E assim, contente, se deixa ficar.

A saudade surge,
Mas depressa é substituída pelo desprezo.
Isto porque o consciente emerge
E o mal surge contra tudo o que rezo.

Essa infância é projectada no mundo,
Que se torna nela e no estado em que está fica.
Contra a minha vontade, mudo,
E a minha existência fica mais rica.

Algo tenta emergir a partir de mim,
Algo com uma agressividade nunca vista.
Algo que está farto de viver assim.
Algo que quer que a sua realidade exista.

A sociedade não está pronta para isto.
Talvez nunca esteja.
Nem para isto, nem para a mudança que insisto,
E talvez a realidade nunca a veja.

As palpitações continuam.
Corpo e mente começam a mudar.
De repente, aniquilações são o que animam,
E de preto e vermelho se começa tudo a pintar.

No interior de um herói há sempre um monstro.
Podem ter as mesmas intenções ou variar.
Frente a frente o encontro,
E acabarei por me fartar de contra isto lutar.



Ass: Daniel Teixeira de Carvalho




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