segunda-feira, 13 de junho de 2011

Melancolia

Por cada dia que passa,
Um infindável número de vidas perde-se.
A vontade nunca é escassa,
Mas nunca chega a elevar-se.

O tempo deixou de fazer sentido.
Passado, presente e futuro.
Por mais que se queira, o controlo é impedido,
E esquece-se o encontro.

A infância desapareceu.
O rosto inocente foi substituído
Por um mais marcado, mas que também é meu.
Mesmo que não queira, é assim que tenho sentido.

É pena que não fique tudo por aí.
Mais marcas surgem
Aqui e ali
E sente-se a pele a cair ao mais ínfimo toque de bem.

A vida não passa de uma pintura,
Ou talvez de um poema mal contado
Em que a esperança perdura
Num filme mal interpretado.

A paisagem não muda.
Pode-se tentar e eventualmente conseguir.
O mundo ainda não está preparado para esta ternura,
Mas ainda se continua a agir.

A evolução custa,
Mas é necessária.
Tem é que ser astuta,
E nunca precária.

O que muitas vezes é esquecido,
É que há palavras por detrás de todas as guerras,
E isso faz dos seus autores assassinos,
E foi assim que surgiram as mudanças nada beras.

Haja respeito por quem escreve!
Há neles uma esperança sem par,
E a destruição que deles bebe
Faz inveja a qualquer arma nuclear.

Através de palavras se faz paz e guerra.
Através delas se ceifam vidas
E de muitas outras se espera.
Há dias.

Tudo tem que ser pensado.
Não há margem para erros.
Corre mal e é-se condenado,
E não serão os primeiros.

Ainda há esperança?
Há. Pouca, mas há.
Depois da tempestade vem a bonança,
Mas há muito que à sua espera se está.

Com este desejo se continua a escalar
Até ao cume da Vida.
Não se pode parar.
É como se tudo dependesse desta fragmentada equipa.

A incerteza está sempre lá,
Mas a sua presença faz parte da melancolia.
Preparado para tudo se está,
E sempre ao som da grande lira.

Sempre do lado da minha pátria.
País e fala.
A muito assistiu esta épica ária,
E ainda bem que ela nunca se cala.

O cume ainda está longe,
Tal como o repouso.
Não há tempo para curar as dores que não são de hoje,
E a agravá-las ouso.

A chave está em acabar com a monotonia.
É possível o fim ver.
Depois de se acabar com a melancolia
Vai valer a pena viver.

Ass: Daniel Teixeira de Carvalho

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