Consegues vê-las? Lá
fora. A ser trocadas constantemente face à actividade mundana com que se vão
deparando. Eu consigo vê-las, tanto quando olho por uma janela como quando me
encontro diante de um espelho. São um lembrete constante do quão desprezíveis nós
conseguimos realmente ser. Não bastam as nossas tendências frias e egocêntricas
nas quais não nos importamos de espezinhar terceiros só para no fim
conseguirmos algo.
O potencial para se ser algo mais continua presente, e
possivelmente irá continuar a estar. Mas elas também continuam cá, e é
imensamente triste ser necessário recorrer a elas. Mas uma vez mais, está na
nossa natureza mascararmos os nossos defeitos e as nossas verdadeiras intenções
Não posso dizer que sou uma excepção, nem faço tenções de
o ser. Claro que também as tenho. E numa vasta colecção cuidadosamente
trabalhada e organizada. Confesso que o segredo para a sua boa utilização
consiste numa troca rápida e fluída o suficiente para que quaisquer verdadeiras
intenções não sejam detectadas, e mesmo que o sejam, tal permite que a certeza
seja trocada pela dúvida que mais tarde irá acabar por ser esquecida porque
ninguém dá valor a este tipo de detalhes. Saber moldar a empatia de forma a
fazê-la assumir e levar a cabo os nossos propósitos é também um outro pequeno
grande pormenor que deve estar presente de forma a garantir o ponto anterior.
Tudo o resto consiste somente na utilização de um rico discurso coerente.
Consegues vê-las agora? Consegues vê-las diante de ti?
Eu já admiti usar uma máscara. Falta saber se tu sabias
sequer que elas existiam, se estás disposto a admitir que fazes o mesmo… ou se
a máscara faz parte de ti ao ponto de não conseguires distingui-la da tua
verdadeira face.
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