domingo, 25 de junho de 2017

Medo

           Medo. O que é o medo? O que é o medo para além de uma resposta interna face a algo externo ou mais interno ainda? Muitos defendem que é graças ao medo que somos o que somos e que estamos onde estamos, e, para ser sincero, não estão absolutamente errados.

            Ao temer algo estamos a reconhecer que esse algo pode ser bastante danoso para nós ou para terceiros. Face a isto, uma de duas coisas acontecem: ou se vive com medo ou se reúnem as condições necessárias para o superar. Assim foi desde sempre, assim é, e possivelmente assim sempre será.

            O medo, por si só, não é mais que um obstáculo, obstáculo esse que, por definição, foi feito para ser quebrado, bastando apenas que a pessoa em questão o queira. Principais entraves? O comodismo e o próprio medo em si. Conformismo no sentido de se acreditar que o risco de deixar o estilo de vida que se vive num determinado momento para enfrentar o próprio medo não vale a pena.

            Podemos tornar as coisas mais interessantes e dizer que não há problema nenhum em ter medo, uma vez que é algo absolutamente natural, o que, por sua vez, é absolutamente correcto. Ter medo é um bom sinal. É sinal de que não se é estúpido o suficiente para desvalorizar a potencial ameaça que daí possa advir. Contudo, enquanto que ter medo não é um problema, viver com medo é uma catástrofe enorme. A partir do momento em que nos conformamos com a sua presença e com a realidade de que daí advém, tudo muda, e aquilo que era uma vida com brilhante potencial, torna-se numa mera sombra do que apenas poderia ser.

            Mas deixemo-nos de conversa fiada, pois não é por isso que aqui vieste. Senta-te e diz-me, do que tens medo? O que é que te mantém acordado durante a noite? É a mulher? O marido? Os filhos? Aquele ou aquela nova colega e aquilo que essa pessoa te faz sentir? O não conseguir pagar as contas ao fim do mês? O não conseguir ser alguma coisa na vida? Ah, antes de responderes, deixa-me já fazer a pergunta que realmente interessa e que é muito mais importante que todas estas: estás disposto a enfrentar esse medo, ou já permitiste que ele se tornasse parte de ti?  

2 comentários:

  1. Como dizes e bem, ter medo é ter noção do perigo e há riscos que não vale a pena correr só para mostrar ser corajoso. Sinal de lucidez, inteligência!

    Por outro lado, fazer algo que nunca fizemos dá um certo medo, por menor que seja o risco... Também acontece e muito!

    Ter medo de me mandar para a água com 3m de profundidade sem colete (ou braçadeiras) :) é legítimo, nunca o fiz. Quem me garante que venho ao cima? E o risco que é ficar lá baixo? Se calhar não compensa!

    Ainda há o "medo psicológico", se fizer isto ou aquilo não há o risco de morrer ou me aleijar mas... O risco do "NÃO" é tão ou mais "perigoso" que o que tem consequências físicas. É aquele que mais influência as decisões do dia-a-dia. Se em determinado momento não tivesse medo de receber uma resposta contrária à que queria, provavelmente até tinha recebido a que me interessava e talvez nada fosse igual!!!

    Termino... É bom ter medo e é graças a ele "que somos o que somos e que estamos onde estamos".

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    1. Haverá sempre uma ténue linha que separa o comodismo do desconhecido, e cabe a nós e só a nós decidir em que lado estar. Contudo, várias serão as oportunidades que nos ensinarão que vale a pena correr riscos.

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