A noção de identidade
depende de cada um, mas apesar da subjectividade que pode estar associada ao
tópico, consegue-se consenso ao apontar a fisionomia, os ideias, as faculdades
cognitivas e a personalidade como constantes inamovíveis.
Perante isto, e perante o percurso normal da vida, onde o
envelhecimento é inevitável, é apenas normal que alguns destes traços fiquem
progressivamente danificados. Claro está que tal depende directamente dos hábitos
que cada um leva durante a sua vida. Perante esta inevitabilidade, o corpo
deteriora-se, passando a ter um aspecto claramente diferente, e o mesmo se
aplica ao domínio da mente.
Se há aqueles que se recusam a aceitar o seu corpo velho
e enrugado, sobre a premissa de que não são assim, o que pensar daqueles que
deixam completa e totalmente de saber quem são porque simplesmente se
esqueceram?
Perante a incerteza de algo, interno ou externo,
progressivo ou não, vir a deteriorar as capacidades cognitivas de alguém e as
suas memórias ao ponto de não reconhecerem o mundo à sua volta e elas próprias,
é normal nutrir toda uma série de receios. E enquanto alguns o fazem, outros
procuram que esta fase da vida seja vivida com toda a dignidade.
Na face desta deterioração e esquecimento do ser, onde
ele jamais será uma sombra do que já foi, eu coloco a questão: a pessoa
continua a ser a mesma ou chegou ao fim da sua existência?
Sem comentários:
Enviar um comentário