terça-feira, 1 de maio de 2018

O fim da existência


          A noção de identidade depende de cada um, mas apesar da subjectividade que pode estar associada ao tópico, consegue-se consenso ao apontar a fisionomia, os ideias, as faculdades cognitivas e a personalidade como constantes inamovíveis.

            Perante isto, e perante o percurso normal da vida, onde o envelhecimento é inevitável, é apenas normal que alguns destes traços fiquem progressivamente danificados. Claro está que tal depende directamente dos hábitos que cada um leva durante a sua vida. Perante esta inevitabilidade, o corpo deteriora-se, passando a ter um aspecto claramente diferente, e o mesmo se aplica ao domínio da mente.

            Se há aqueles que se recusam a aceitar o seu corpo velho e enrugado, sobre a premissa de que não são assim, o que pensar daqueles que deixam completa e totalmente de saber quem são porque simplesmente se esqueceram?

            Perante a incerteza de algo, interno ou externo, progressivo ou não, vir a deteriorar as capacidades cognitivas de alguém e as suas memórias ao ponto de não reconhecerem o mundo à sua volta e elas próprias, é normal nutrir toda uma série de receios. E enquanto alguns o fazem, outros procuram que esta fase da vida seja vivida com toda a dignidade.

            Na face desta deterioração e esquecimento do ser, onde ele jamais será uma sombra do que já foi, eu coloco a questão: a pessoa continua a ser a mesma ou chegou ao fim da sua existência?

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