Lembro-me de um homem que
tinha tudo quanto se poderia desejar e vivia humildemente essa realidade. Não
vangloriava o seu modo de vida e não o usava para se favorecer junto de quem
quer que fosse. Apenas vivia satisfeito com a vida que tinha. E assim viveu até
ao dia em que tudo lhe foi tirado.
Naquilo que só poderia ser obra do divino, contemplou os
Céus e proferiu toda a sua destruição como retribuição por lhe terem tirado
aquilo que lhe era mais precioso. E com isso, numa torrente de ódio e de
vingança, encobriu o céu, e uma idade de trevas pareceu alastrar-se pelo mundo.
Não satisfeito, focou-se nos Infernos, e lançou-lhes o
meu destino, como forma de garantir que mais ninguém viria a passar por aquilo
que passou. Descendo à Terra, trespassou-a, e perdeu-se no seu núcleo que
depois de aquecer como nunca tinha aquecido, acalmou.
Anos passaram, e mais ninguém viu o homem. Muitos
especulavam sobre o que lhe teria acontecido e onde estaria, mas ninguém se
atrevia a tecer certezas. Contudo, apesar de ausente, a sua história estava
mais que presente nas vidas de todos e da sua descendência.
Lembro-me de uma rapariga que tinha tudo o que queria, e
que subitamente se viu sem nada. E lembro-me que essa rapariga via naquele
homem um amigo querido jamais esquecido.
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