Ainda é tudo muito
confuso. O efeito da anestesia ainda está presente e as minhas ideias ainda não
são minhas. Sinto apenas que estou amarrado a uma cama de hospital e que a luz
do meu quarto parece queimar os meus olhos.
Após os primeiros segundos de consciência, as memórias
vão regressando, e tudo começa a fazer sentido. Os meus gritos alertaram um
vizinho que chamou os bombeiros. Encontraram-me meio estendido no chão da minha
sala quase que a nadar no meu próprio sangue. Perdi a consciência pela primeira
vez assim que eles me tocaram.
Acordei por momentos já no hospital, cercado por médicos
e enfermeiros a murmurar indistintamente. Consegui apenas ouvir algo sobre
tendências masoquistas. O flash de uma
câmara fotográfica foi mais que suficiente para eu voltar a perder os sentidos.
Apesar da medicação, sinto o meu corpo a gritar de dor
por baixo das várias ligaduras que apertam todo o meu corpo. Os cortes foram
profundos o suficiente para isso mesmo. Não é uma questão de masoquismo. Não
tiro prazer nenhum disto. É uma questão de obrigação e nada mais. Tive que o
fazer… transformar o meu corpo numa tela para runas e símbolos…
Um preço que estou disposto a pagar para nos salvar
a todos.
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