sábado, 13 de agosto de 2016

Um, dois, três,
Aí vem ele outra vez.
Quatro, cinco, seis, sete,
Já escorre o meu sangue pelo tapete.

Oito, nove, dez,
Ainda não sarou aquilo que ele me fez.
Onze, doze, treze, catorze,
Já está em brasa a sua lâmina de bronze.

Quinze, dezasseis, dezassete,
Começa a acariciar-me a sua machete.
Dezoito, dezanove, vinte,
A minha carne dilacerada é ponto assente.

Vinte e um, vinte e dois, vinte e três,
Aqui está ele outra vez!
Vinte e quatro, vinte e cinco, vinte e seis,
Meu Senhor, eu peço que a minha alma acolheis!

Vinte e oito, vinte e nove, trinta,
Já nada resta da minha cinta.
Trinta e um, trinta e dois, trinta e três,
Ele continua a mutilar-me uma e outra vez.

Trinta e quatro, trinta e cinco, trinta e seis,
Porque é que não me ajudais?
Trinta e sete, trinta e oito, trinta e nove,
Que mal fiz eu ao vosso nome?

Quarenta, quarenta e um, quarenta e dois,
Estamos aqui sós.
Quarenta e três, quarenta e quatro, quarenta e cinco,
Do meu corpo nada sinto.

Quarenta e seis, quarenta e sete, quarenta e oito,
Já não sou capaz de sentir nenhum açoite.
Quarenta e nove, cinquenta,
Nada mais me atormenta.

Cinquenta e um, cinquenta e dois,
Ali estão eles a sós.
Cinquenta e três, cinquenta e quatro,
Inanimado já não me levanto.

Cinquenta e cinco, cinquenta e seis, cinquenta e sete,
Rezo para que a minha alma me leve.
Cinquenta e oito, cinquenta e nove, sessenta,
Espero que desta vez a morte seja certa.





Sem comentários:

Enviar um comentário