segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Retrato do Fingimento


Dizem que o poeta é um fingidor,
E tão fingidor é
Que finge a própria dor
Que lhe está ao pé.

Mas porque fingirá ele?
Será porque não consegue sentir
O que vai para além da pele,
Ou simplesmente não se consegue ferir?

Fingirá racionalizando
Por não o conseguir fazer sentindo,
Ou simplesmente ignorando,
E simplesmente pensando?

Ou será que finge
Por não gostar do que o rodeia
E que constantemente o atinge,
Preferindo projectar nele e viver da sua ideia?

Não se sabe o porquê do seu fingimento,
Ou pelo menos não se tem a certeza,
Porque é do seu próprio conhecimento
Que nasce a sua fingida riqueza.

Só o poeta saberá porque finge.
Poderá ser tudo ou até mesmo nada.
O que é certo é que a ele se cinge,
E é preferível viver fingindo que uma vida enganada.











Ass: Daniel Teixeira de Carvalho

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